De acordo com o Barchart, os preços do café nesta sexta-feira (29) fecharam em queda após o real brasileiro cair para uma baixa recorde em relação ao dólar. O real mais fraco incentivou a venda de exportação dos produtores de café do Brasil, e desencadeou uma longa liquidação dos futuros.
Para o sócio diretor da Pine Agronegócios, Vicente Zotti, o mercado cafeeiro enfrenta uma crise sem precedentes, com escassez de estoques, alta demanda internacional e uma previsão de quebra de safra 2025/26 e, tudo isso, vem impulsionando os preços. " O mercado está disfuncional devido à dificuldade na originação de café. Empresas já enfrentam problemas financeiros. Todo esse movimento trará impacto no varejo com os preços subindo cerca de 30% até dezembro" comentou o analista.
De acordo com a Reuters, os comerciantes internacionais de café estão em alerta depois que as empresas Atlantica e Cafebras, sediadas no Brasil, buscaram a Justiça para negociar com os credores, tendo sido atingidas por um aumento nos preços globais do café arábica.
Segundo informações do Bloomberg, este movimento ilustra como um aumento acentuado nos preços do café pode se tornar um fardo para os exportadores, que compram e vendem suprimentos físicos de café e usam o mercado futuro para hedge. "Com os futuros do café arábica subindo mais de 70% este ano, eles estão tendo que lidar com custos maiores de hedge devido a chamadas de margem mais altas", completou a publicação do portal internacional.
O arábica encerra o dia registrando o recuo de 450 pontos no valor de 321,65 cents/lbp no vencimento de dezembro/24, uma queda de 500 pontos no valor de 318,05 cents/lbp no contrato de março/25, uma baixa de 520 pontos no valor de 315,50 cents/lbp no de maio/25, e uma queda de 485 pontos no valor de 310,85 cents/lbp no de julho/25.
Já o robusta registra baixa de US$ 156 no valor de US$ 5.409/tonelada no contrato de janeiro/25, uma queda de US$ 151 no valor de US$ 5.377/tonelada no de março/25, uma baixa de US$ 144 no valor de US$ 5.310/tonelada no de maio/25, e um recuo de US$ 142 no valor de US$ 5.228/tonelada no de julho/25.
Mercado Interno
O mercado físico brasileiro encerra a 6ª feira em baixa e com poucas variações nas áreas acompanhadas pelo Notícias Agrícolas.
"Essa semana o nível de exportação no mercado físico explodiu. Houve queda dos bases, devido ao mercado doméstico não suportar esse nível de preço. Lá fora a gente tem a possibilidade de atender em um nível de preço mais caro por conta da desvalorização do real. Isso ajuda na comercialização. Mas, internamente, as indústrias estão realmente indo para um caminho complexo", explicou Vicente.
O Café Arábica Tipo 6 registra baixa de 1,42% em Machado/MG no valor de R$ 2.080,00/saca, e uma queda de 0,72% no valor de R$ 2.070,00/saca em Poços de Caldas/MG. Já o Cereja Descascado registra baixa de 0,68% em Poços de Caldas/MG no valor de R$ 2.180,00/saca.