A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) reivindicou valorização da pesquisa pública em carta aberta à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). O documento foi entregue ao Secretário Guilherme Piai durante evento para lançamento do programa Canephora, voltado para a cadeia cafeeira.
“Governador Tarcísio de Freitas vem há um ano (desde novembro 2023) afirmando nossa importância em diferentes momentos e prometendo uma valorização digna das carreiras da pesquisa científica, porém até hoje nada foi feito”, diz trecho do documento.
O Estado de São Paulo tem, atualmente, 16 Institutos Públicos de Pesquisa nas áreas de Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. Apesar de ser o Estado mais rico da nação, paga os piores salários para pesquisadores.
“Vivenciamos uma diferença salarial gritante com carreiras similares federais como a EMBRAPA e a Fiocruz, além de termos tido uma perda salarial de 54,19% nos últimos 11 anos. Ainda, dentro da carreira, existem pesquisadores (16%) que obtiveram êxito judicial e recebem o dobro salarial de um pesquisador que não obteve a mesma decisão, apesar de desenvolverem as mesmas funções”, aponta a carta.
Dezenas de pesquisadores concursados participaram do ato, que ocorre no momento em que o Governo de São Paulo realiza um levantamento para venda de áreas experimentais dedicadas à pesquisa e à conservação. Um dos locais inclui parte da Fazenda Santa Elisa, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), onde está o maior banco de germoplasma de café do Brasil e também experimentos com macaúba, que se desponta como alternativa para a bioeconomia.
“Manifestamos aos integrantes da equipe do secretário Guilherme Piai a nossa preocupação também com o orçamento proposto pelo governador Tarcísio de Freitas para a Secretaria de Agricultura no ano que vem. Há uma redução de 18,43% em relação a este ano, enquanto o orçamento do Estado deve crescer mais de 13%. Fica evidente, quando vemos áreas de pesquisa como a fazenda do IAC ameaçadas de venda, que a agricultura não está recebendo a devida valorização”, declarou Patricia Bianca Clissa, membro da diretoria da APqC que representou, no evento, a presidente da entidade, Helena Dutra Lutgens.
Leia a íntegra da carta:
Essa é uma carta assinada pelos Pesquisadores Científicos dos Institutos de Pesquisa subordinados ao Governo do Estado de São Paulo.
Pesquisadores esses que representam a riqueza intelectual da sociedade acumulando os mais qualificados currículos, graduados e pós graduados nas melhores Universidades do país, e que enfrentam, durante toda sua carreira, um acirrado processo de ascensão meritocrático baseado em seus títulos acadêmicos e produção científica.
Vivenciamos uma diferença salarial gritante com carreiras similares federais como a EMBRAPA e a Fiocruz, além de termos tido uma perda salarial de 54,19% nos últimos 11 anos. Ainda, dentro da carreira, existem pesquisadores (16%) que obtiveram êxito judicial e recebem o dobro salarial de um pesquisador que não obteve a mesma decisão, apesar de desenvolverem as mesmas funções.
O Exmo. Governador Tarcísio de Freitas vem há um ano (desde novembro 2023) afirmando nossa importância em diferentes momentos e prometendo uma valorização digna das carreiras da pesquisa científica, porém até hoje nada foi feito. Na contramão das gloriosas promessas, ainda temos sido assombrados pela espera de um projeto de reestruturação das carreiras do qual o pouco que se expõe, percebe-se que é baseado em uma política que não expressa o reconhecimento pela nossa competência e nos desvaloriza ainda mais.
O que reivindicamos?
- Que haja TRANSPARÊNCIA, clareza das informações que cercam nossas carreiras, assim como a determinação e cumprimento de prazos
- Não precisamos de reestruturação das carreiras, e sim de um reajuste salarial real, digno e IMEDIATO
- Que nossos benefícios (quinquênio, sexta parte e licença prêmio) sejam mantidos