Com mais variações e diversidade o café está versátil e a indústria cafeeira vem aprimorando sua forma de apresentá-lo ao público. Tudo isso porque o perfil do consumidor de café passou por transformações significativas nos últimos anos.
No artigo "From Passive to Active: Expanding Our Understanding of Specialty Coffee Consumerism", elaborado pela especialista em café especial de São Francisco, Alexa Romano, é destacado que as formas que as pessoas se conectam com o café estão se expandindo e mudando. Os consumidores vão além de apenas saborear seu café de escolha, eles passaram a se envolver ativamente e contribuir para a evolução da indústria cafeeira.
Para o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Celírio Inácio da Silva, a indústria já percebeu essa mudança de comportamento, e passou então a vislumbrar este novo cenário como uma grande oportunidade de negócio."É um ciclo benéfico para toda a cadeia produtiva: produtor, indústria e consumidor. O produtor e a indústria passaram a investir e trabalhar para melhorar cada vez mais a qualidade da bebida, e no final o consumidor recebe um leque de possibilidades para experimentar e apreciar, com novos sabores e aromas dentro do universo do café", explicou o especialista.
Em uma pesquisa titulada “Evolução dos Hábitos e Preferências dos Consumidores de Café no Brasil”, realizada pelo Instituto Agronômico (IAC-Apta) em parceria com o Instituto Axxus e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foram entrevistadas 4.200 pessoas de diferentes faixas etárias e classes sociais. Os dados comparativos da pesquisa trazem um parâmetro do consumo do café entre 2019 e 2023.
Os dados de 2023 sobre o consumo diário mostram que 29% dos entrevistados consomem mais de 6 xícaras de café por dia; 46% entre 3 e 5 xícaras, 11% apenas uma e 3% não consomem café diariamente. Já sobre as motivações que levam ao consumo do café, 40% relataram que tomam café como parte de um ritual e bem-estar, 24% para um momento de pausa e reflexão, e 8% para degustar e saborear a bebida. A pesquisa confirmou que o consumidor mantém uma relação emocional e afetiva com a cultura, e que a experiência de beber café faz parte de um ritual diário, concebido como um dos prazeres da vida.
O pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Sérgio Parreiras, que participou da elaboração da pesquisa sobre o consumo de café, afirma que mesmo com os preços subindo ano após ano, os apaixonados por café (os coffees lovers como são conhecidos) seguem consumindo a bebida e, além disso, se interessando cada vez mais sobre todo o processo de produção da cultura.
"A segmentação do mercado é grande. Hoje falar de café e, apreciar um bom café, se tornou algo chique, que demonstra cultura. Os coffers lovers estão crescendo", acrescentou o pesquisador.