Produtores de café, grãos e hortaliças participaram, nesta semana, do levantamento de custos de produção do projeto Campo Futuro nos estados da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Sul.
A iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alia a capacitação do produtor à geração de informações estratégicas do setor rural, contribuindo para as tomadas de decisão no campo.
Confira os principais dados dos painéis dessa semana:
Café – Na terça (6), aconteceu o painel de café no município de Itabela (BA). O modal foi representado por uma propriedade de 50 hectares de área produtiva de café conilon, com produtividade de 49,5 sacas por hectare em sistema irrigado. Os produtores relataram uma redução na produtividade das áreas no último ano, causada pela grande incidência de cochonilha.
Segundo o assessor técnico da CNA, Carlos Eduardo Meireles, os resultados apontam incremento no Custo Operacional Efetivo (COE) em 39,3%, comparado ao painel de 2023, influenciado pelo grande aumento nos custos de mão de obra na região (+81,4%) e maiores desembolsos com fertilizantes (+13,6%).
“Apesar do aumento no COE e da redução na produtividade (-10%) do modelo avaliado, os melhores preços de comercialização do café, resultaram em margens positivas para a atividade’, explicou Carlos.
O painel em Manhumirim (MG) foi realizado na quinta (8). A propriedade considerada como modelo possui 5 hectares de área produtiva de café arábica, com produtividade de 25 sacas/ha. Foi verificado um incremento de 11,9% no COE, puxado por maiores desembolsos com fertilizantes (+32,8%) e defensivos agrícolas (+8,4%).
Os melhores preços de comercialização possibilitaram margens bruta e líquida positivas na região, diferente do que foi observado em 2023.
Hortaliças – A CNA levantou os custos da cultura do brócolis em Senador Amaral (MG) e região, onde a produção é majoritariamente de agricultura familiar. Para a construção dos custos em painel, foram elencados os itens referentes ao plantio de inverno, atualmente em colheita.
A assessora técnica Letícia Barony explicou que na propriedade modal são realizados plantios de três hectares, a cada quinzena, com estande médio de 28 mil plantas. Em paralelo, a produtividade considerada foi de cerca de 80% de inflorescências viáveis para a comercialização (22,4 mil/hectare).
“O painel permitiu avaliar a importância da gestão dos custos, devido à flutuação de preços na comercialização. Para o momento a oferta está boa, com isso, preços mais contidos. Já nos plantios de verão, há menor oferta (rendimento médio de 65%, logo 18,2 mil/hectare), porém preços mais elevados”, disse.
Grãos – Os painéis do projeto Campo Futuro para levantamento dos custos de produção de grãos foram realizados em três estados. Na segunda (5), aconteceu o painel em Balsas (MA), na terça (6) em Bagé (RS), na quinta (8) em Cruz Alta e na sexta (9) em Uruçuí (PI).
Em Balsas, o clima seco impacta a produtividade da soja, que fechou com média de produtividade de 55 sacas por hectare, 5 sacas a menos que o planejado. Por outro lado, o milho segunda safra desempenhou conforme a última safra, colhendo em média 85 sacas/ha. Os desembolsos com inseticidas no milho devido às altas infestações com cigarrinha-do-milho aumentaram 49%.
O assessor técnico Tiago Pereira informou que em Bagé, a soja em sequeiro teve uma melhora nas produtividades (+67%), mas ainda com média de 30 sacas/ha, abaixo do potencial de 65 sacas/ha. “A alta incidência de chuvas prejudicou o ciclo final da cultura, justificando as baixas produtividades. As áreas irrigadas sofreram também com os altos volumes de chuva, fechando com média de 30 sacas/ha (-53%)”, destacou.
Já no município de Cruz Alta o cenário foi semelhante. A produtividade da soja sequeiro saiu de 25 sacas/ha para 53 sacas/ha nesta temporada. Por outro lado, as culturas irrigadas caíram em produção. O milho primeira safra teve redução de produtividade de 51%, apresentando produtividade média de 110 sacas/ha. A soja segunda safra irrigada caiu em média 10 sacas/ha, fechando com 40 sacas/ha.
Por outro lado, em Uruçuí (PI), o clima favoreceu o desenvolvimento das culturas de primeira e segunda safra. A soja produziu em média 58 sacas/há, enquanto o milho segunda safra fechou com média de 140 sacas/ha. Mesmo assim, a pressão de pragas e doenças, como a cigarrinha-do-milho, encareceu o manejo fitossanitário.