Cappuccino do Museu do Café, em Santos — Foto: Mariane Rossi/g1
Cafés famosos
Em 1911, nasceu um dos mais antigos e tradicionais estabelecimentos comerciais da cidade, o Café Paulista. Situado na Praça Rui Barbosa, ele virou ponto de encontro. As cadeiras e mesas eram disputadas por quem queira tomar apenas um cafezinho ou fazer uma refeição mais farta. A casa fechou as portas em 2017.
O Café Carioca nasceu em 1933. Ele ficava localizado na Rua Dom Pedro II, e logo depois transferido para a Praça Mauá, onde se encontra até hoje. A casa oferece sanduíches e café, mas ficou conhecida pelos seus pastéis. Há 90 anos, em ambiente clássico de bar com ar de boteco, o local faz parte da história política e cultural do país, recebendo presidentes como Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, Lula, entre outros.
Um ícone santista é o Café Floresta. A marca foi criada em 1940, resultado da fusão de sete companhias cafeeiras brasileiras. Em 1972, foi aberta a primeira cafeteria no bairro do Gonzaga, conhecida como Casa do Cafezinho, onde é possível provar o clássico cappuccino e o café com creme.
Rei do Café foi inaugurado em 1912, no mesmo ano em que foi fundado o Santos F.C. — Foto: Mariane Rossi/g1
Casa de torrefação mais antiga da cidade
O Rei do Café foi inaugurado em 1912, no mesmo ano em que foi fundado o Santos F.C. O português Sebastião Menezes iniciou uma pequena loja de torrefação e moagem de café na esquina das ruas Gonçalves Dias e Visconde de Vergueiro, em Santos. Ele enviou uma carta a Portugal e trouxe o jovem Joaquim Augusto Alves para aprender a fazer a torrefação e a moagem do café de forma artesanal.
Joaquim tornou-se sócio proprietário e nos anos 50 a casa passou a ser administrada pela família dele. Na década de 80, o local foi passado para o filho, José Reinaldo Rema Alves. Atualmente, a torrefação conta com a terceira geração da família.
Reinaldo (ao centro) e os filhos Victor (à esquerda) e Guilherme (à direita), em frente a casa de torrefação mais antiga de Santos — Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal
Victor e Guilherme, filhos de Reinaldo, comandam o local que está em atividade até hoje e é considerada a casa mais tradicional de torrefação e moagem na cidade de Santos. "A nossa casa tem tombamento nível 2 de proteção, as nossas portas são de peroba, tem o verde colonial, o amarelo, tem o marrom. As características são essas".
Os irmãos, na companhia do pai Reinaldo, fazem o preparo do cafezinho de forma artesanal. Os grãos vem de várias partes do Brasil. O imóvel santista conta com uma estrutura robusta para a torrefação. São dois silos que comportam cerca de 2,5 toneladas de grãos.
A máquina atual é uma réplica da original, de 1962. Segundo Victor, ela tem cara de antiga, mas funciona tão bem como qualquer outra. "Os anos passam, a tecnologia aumenta e a gente acompanha. Algumas coisas alteramos, como o gás. Fazemos as nossas curvas de torra, utilizamos um software. Ele é bem atualizado", explica Victor.
Rei do Café foi inaugurado em 1912, no mesmo ano em que foi fundado o Santos F.C. — Foto: Mariane Rossi/g1
Ali, os grãos são torrados, moídos e embalados. A marca oferece o café tradicional, o gourmet, e as linhas especiais. Há também as cápsulas, compostas por um blend de grãos, e o café para prensa francesa. No balcão, dá para provar vários tipos de cafés, acompanhado de dicas primorosas dos proprietários.
Há cerca de 10 anos, o Rei do Café abriu um balcão para servir os clientes, no mesmo imóvel que antes funcionava apenas a torrefação. São servidos cerca de 180 xícaras diariamente. E, os irmãos estão com planos de expandir o negócio secular. Eles adquiriram um imóvel ao lado, o que possibilitará dobrar a capacidade para o atendimento.
O foco principal dos irmãos, porém, é mantém a tradição familiar. A qualidade e o sabor único do café, feito há mais de 110 anos no mesmo lugar, tem que permanecer o mesmo na memória e no paladar dos santistas.
"Se o bichinho do café te morde, não sai mais. Pelo menos comigo e com meu irmão, está assim. Já estamos há oito anos. Com meu pai também, porque ele está há 43 anos. Com certeza, com meu avô foi também. A vida inteira trabalhando com cafe", disse Victor.
Victor e o irmão Guilherme Mauri comando o Rei do Café — Foto: Mariane Rossi/g1