A queda dos preços internacionais do café diminuiu o ritmo de negócios no mercado físico brasileiro. Com proposta de compra a valores mais baixos, produtores deixaram de vender e as operações ficaram restritas a quem tinha uma necessidade de caixa mais imediada, informa o Escriório Carvalhaes, de Santos (SP), em boletim de mercado divulgado nesta sexta-feira (30/6).
“Os poucos negócios fechados foram de produtores que precisam fazer caixa rapidamente para enfrentar as despesas de colheita, mas o volume foi irrisório para esta época de entrada de safra. O volume de café da safra 2022 ainda em mãos de produtores é baixo”, informa a empresa, ressaltando que os estoques estão menores no Brasil e no exterior.
Na sexta-feira (30/6), na Bolsa de Nova York, o contrato de arábica para setembro fechou cotado a US$ 1,59 por libra-peso, baixa de 260 pontos. No decorrer da sessão, chegou a atingir a máxima de US$ 1,63. Os lotes com vencimento em dezembro deste ano, que chegaram a ser negociados a US$ 1,62 por libra-peso, ajustaram para US$ 1,58, baixa de 215 pontos.
Em Londres (ICE Futures Europe), o robusta para setembro chegou a ser negociado a US$ 2.590 a tonelada, mas fechou o dia a US$ 2.491, queda de US$ 79. O vencimento novembro caiu US$ 83. Depois de ser cotado a US$ 2.496, encerrou a sexta-feira a US$ 2.391 a tonelada.
“Sem previsão de frio forte para as próximas semanas, e, como é natural, com a colheita deslanchando neste final de junho, fundos e especuladores diminuem suas posições em Nova York e Londres, derrubando as cotações. As cotações nas duas bolsas também estão sendo pressionadas por estimativas da safra brasileira de café, lançadas no mercado por analistas e entidades privadas”, avalia o Escritório Carvalhaes.
Dados divulgados pela Comodity Futures Trading Comission (CFTC), nos Estados Unidos, na sexta-feira (30/6), apontam para essa tendência. Na semana entre 20 e 27 de junho, houve uma inversão, com a posição líquida dos fundos passando de 20,3 contratos comprados em café arábica em Nova York (com expectativa de alta) para 361 contratos vendidos (com expectativa de baixa).
Diante do cenário, no mercado físico brasileiro, uma saca de um cereja descascado de bom preparo era cotado entre R$ 950 e R$ 1000 a saca de 60 quilos. Um café classificado como fino ou extrafino de Minas Gerais e da região da Mogiana Paulista valia de R$ 870 a R$ 920 a saca. E um café de bebida dura, de boa qualidade e preparo era negociado entre R$ 820 e R$ 850 a saca de 60 quilos.
O indicador do Cepea (arábica tipo 6, bebida dura para melhor) encerrou a sexta-feira a R$ 825,59 a saca de 60 quilos, acumulando no mês uma baixa de 16,7%. No mesmo dia, a referência para o robusta (tipo 6, peneira 13 acima, com 86 defeitos) fechou a R$ 644, 31 a saca, em média, baixa acumulada de 8,04% em junho.
Café arábica - Indicador Cepea/Esalq (emR$/saca de 60 quilos)
VALOR R$ | VAR./DIA | VAR./MÊS | |
30/06/2023 | 825,59 | -0,55% | -16,70% |
29/06/2023 | 830,13 | -1,27% | -16,24% |
28/06/2023 | 840,85 | -1,87% | -15,16% |
27/06/2023 | 856,84 | 0,68% | -13,54% |
26/06/2023 | 851,02 | -0,06% | -14,13% |
23/06/2023 | 851,56 | -2,99% | -14,07% |
22/06/2023 | 877,83 | -2,63% | -11,42% |
21/06/2023 | 901,57 | -1,73% | -9,03% |
20/06/2023 | 917,45 | -3,48% | -7,43% |
19/06/2023 | 950,55 | -1,33% | -4,09% |
16/06/2023 | 963,32 | -0,31% | -2,80% |
15/06/2023 | 966,28 | 0,75% | -2,50% |
14/06/2023 | 959,10 | -0,53% | -3,22% |
13/06/2023 | 964,19 | -1,89% | -2,71% |
12/06/2023 | 982,74 | -2,25% | -0,84% |
“A intensificação das quedas esteve atrelada à maior entrada de grãos da nova safra, devido ao bom andamento da colheita – as atividades vêm sendo favorecidas pelo clima”, avaliaram os pesquisadores, na última quarta-feira (28/6). “Este contexto vem preocupando os produtores de café, uma vez que os tratos culturais da temporada foram realizados a custos bastante elevados”, acrescentaram.
A expectativa para a próxima semana é de avanço na colheita dos cafezais brasileiros. De acordo com a Rural Clima, a previsão do tempo para os próximos dias é de chuva em algumas áreas da região sul, sem perspectiva de deslocamento dessa instabilidade para a região Sudeste ou Nordeste, com exceção da faixa litorânea.
Na próxima semana, o tempo deve ficar mais frio, mas não há risco de geadas, explica o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos. “Não há previsão de geadas pelo menos para esses próxios 15 a 20 dias”, afirma.
Até o dia 27 de junho, a colheita do café referente à temporada 2023/24 tinha atingido 45% da produção, conforme estimativa da consultoria Safras & Mercado. Em comparação com a semana anterior, foi um avanço de seis pontos porcentuais. A proporção corresponde a 29,75 milhões de sacas de 60 quilos, considerando uma estimativa total de 66,5 milhões de sacas.
A colheita do arábica já foi feita em 35% das plantações, segundo a consultoria. A do conilon chegou a 62%. Em nota, o analista da Safras & Mercado, Gil Barabach, atribui o ritmo dos trabalhos de campo, adiantados em relação ao ano passado, ao clima mais seco.